terça-feira, 9 de novembro de 2010

Menos para ser mais

O Advogado Ricardo Vita Porto protocolou tempestivamente a defesa do deputado federal eleito Tiririca (PR) no último dia do prazo e 10min antes do Forum em São Paulo fechar. Por este ato legítimo foi, juntamente com todos os Advogados brasileiros, taxado de "sórdido" pelo promotor eleitoral Maurício Antonio Ribeiro Lopes.

Pois ontem, no caso Eliza Samúdio, o promotor de Justiça Gustavo Fantini apresentou somente em audiência uma alegada carta que teria sido redigida pela esposa do ex-goleiro Bruno sobre planos dele matar, sem que a Defesa tivesse acesso a esse documento antes da audiência, o que, de certa forma, pode ter pego de surpresa as partes envolvidas no processo-crime.

Pergunta-se: o promotor do caso Eliza, ao pedir para protocolar a carta somente em audiência, por tal ato também poderia ser taxado de "sórdido"?

Para alguns, talvez sim.

Contudo, essas e outras condutas, tanto no caso Tiririca como no caso Eliza, são curiais dentro de estratégias procedimentais de acusação e defesa em processos de qualquer natureza. Ocorre, por exemplo, em São Paulo, em Manaus e aqui em Santiago, bem como em todas as Comarcas do País, por advogados e promotores.

Um processo judicial pode ser compreendido e interpretado de várias maneiras por leigos, ou seja, se alguns são menos e outros mais complexos; mas o fim é o mesmo no jogo de interesses amparados institucionalmente e constitucionalmente: se acusador, o objetivo é a condenação; se defesa, o objetivo é a absolvição. E para isso, "cartas na manga" são válidas e até mesmo necessárias para bons profissionais brasileiros, tanto advogados como promotores.

É claro que obviamente existem alguns promotores e advogados sórdidos neste País, como em qualquer lugar do Mundo, assim como também existem engenheiros, magistrados, empresários, médicos, políticos, entre outros, tão desprezíveis quanto. É quase lei da vida, e a triagem natural é feita índole por índole, competência por competência; ideologia por ideologia.

O que é realmente abominável é o promotor do caso Tiririca taxar toda uma classe profissional por um adjetivo pejorativo presente em alguns profissionais de todas as classes, inclusive na dele.

Ele poderia ter dito que “alguns advogados são sórdidos”. Como poderia dizer, com toda propriedade, que alguns advogados são astutos, pois sem inteligência nem o mais sórdido dos promotores - ou outro profissional - consegue êxito na profissão.

Além de tudo, é necessário respeito. Deixar à empáfia, a arrogância, a prepotência e o olhar de superioridade do lado de fora das salas de audiência. Curar-se da síndrome de “juizite”, “advocatite” e “promotorite”. Isso vale para todos. Sem respeito entre advogados, promotores, magistrados e partes de um processo judicial, arraigados na luta de paixões, o fim maior que é a justiça dá lugar ao ódio, e isso é incontroversamente inconcebível.