quarta-feira, 21 de julho de 2010

Algumas, no caso Bruno

O goleiro Bruno e os outros suspeitos já estão condenados pela mídia.

Outra vez, assim como no caso Nardoni, a imprensa, usada pelas delegadas que presidiam o caso, e agora o MP, acusa e atira aos leões (sociedade) os suspeitos (nem acusados formalmente, nem indiciados, ou nem réus ainda são) que viram alvos fáceis.

Vejamos que neste caso não há corpo, ou a materialidade direta da prova, mesmo que pode ser provado de forma indireta, através do conjunto probatório. E por assim ser, a autoridade policial deveria ter mais cuidado ao tratar o crime como homicídio, levando em consideração apenas o depoimento de um menor de idade que facilmente pode ser coagido no interrogatório. Aliás, também deveriam levar em consideração o histórico de Eliza Samudio, a moça desaparecida, pois seu pai confirmou que certa feita ela teria ficado 60 dias ausente, sem dar notícias.

Uma trapalhada (entre outras) das duas delegadas, que fizeram questão de pegar Bruno e Macarrão pelos braços, as duas com "cara de mal", e entregar para imprensa, foi de usar (ação ou omissão) de expedientes cafajestes - como a filmagem do "depoimento" do goleiro no avião que voava para MG - para impor contradições nos depoimentos que seriam feitos no inquérito policial, a fim de então confrontá-los até o julgamento. Ora, expedientes ignominiosos como este eram usados na época da Ditadura, nos calabouços das DOPS. Consequência: as duas delegadas foram afastadas do caso e responderão a processo administrativo interno ante a Corregedoria.

Se a autoridade policial tratasse o caso com mais acuro, sem alardes, procurando pela moça desaparecida que pode ainda estar viva, como dito pelo seu pai, talvez se chegasse mais rápido aos autores e, em caso de homicídio, ao próprio corpo.

Isso porque, sem alardes na imprensa, os autores de crimes não se desvencilham nem destroem as provas do cometimento dos crimes completamente. Despreocupam-se em se safar, pois não sabem que estão sendo investigados.

Sem alardes, não há combinação de testemunhos e depoimentos entre acusados. Sem alardes, não há condenações prematuras de inocentes, nem morte prematura de quem pode ainda estar vivo.

Contudo, talvez pela precariedade de provas ao caso - e até mesmo da falta de recursos dos Institutos de Perícia - ficou mais fácil marcar uma coletiva com a imprensa e dar "nomes aos bois", ou aos suspeitos, deixando que a população se encarregue do juízo de valor, jogando as (poucas e/ou inexistentes) provas para baixo do tapete. Foi assim no caso Nardoni.

Está tudo errado. Há uma inversão séria de juízos neste País. Há uma extrapolação impressionante de limites de instituições que ganham popularidade e credibilidade da sociedade, e seus agentes menções honrosas e promoções, através de medidas espúrias e até mesmo criminosas para caçar e condenar alguém.

Em outras palavras, não raras às vezes os "mocinhos" estão agindo por meios tão danosos quanto agem os bandidos.

Quem segura a tropa?